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19 maio, 2011

Homem com homem, Mulher com mulher [parte II]

Olá.

Antes de começar, meus sinceros agradecimentos ao Caique Bittencourt, que após conhecer o blog através de um amigo, fez um maravilhoso trabalho de divulgação do post anterior à esse, que já é o mais visitado no blog. Meu agradecimentos também aos comentários no facebook em razão do citado post e ao feedback positivo sobre o objetivo do texto.

Eu havia prometido para algumas dessas pessoas que comentaram no FB (pessoas essas que devem comparecer aqui, comentar também), que descreveria uma história relacionada a um dos itens do post anterior. Ela será contada na forma de mini-conto, mas tentei deixar o texto mais fiel possível ao ocorrido de verdade. O nomes foram mudados, para preservar a identidade das pessoas envolvidas, pois não as consultei antes de postar aqui.


"Marcelo e Carlos moram juntos desde antes da aprovação do relacionamento homoafetivo, talvez a mais de 10 anos. Ambos tinham muita vontade de ter um filho e dadas as circunstâncias - dessas que a vida acaba por nos trazer - acabaram sendo pai de dois meninos ao mesmo tempo. As duas crianças, Beto e Marquinhos, são irmãos biológicos. Beto tem 7 anos e dificuldade de aprendizagem. Marquinhos tem 5, e é mais esperto que muitas crianças que se vê por aí.

Obviamente, Marquinhos é aquele que mais fala, que mais questiona e que pouco sabe (como qualquer criança) sobre quais são os padrões de uma família que a sociedade antiga considera "normal".

Marcelo, ou Má, é o cabeleireiro da esposa desse escriba. Volta e meia, quando ela quer fazer algo por lá, eu vou junto porque ele é uma pessoa extremamente divertida. Carlos é mais do tipo calado, mas extremamente educado e ajuda Marcelo no salão, quando não está ocupado com suas atividades normais.

No começo desse ano, Má contou uma história muito divertida.

Má - Juliane (nome real da minha esposa), você não sabe o que o Marquinhos veio me dizer esses dias!

Juliane - Conta pra gente...

narrou: 

Ele veio da escola todo melindroso, olhou pra mim e disse: Eu sei tudo sobre você, papai.

E Marcelo perguntou: Sabe? O que você sabe?

Marquinhos  respondeu - Sei que você gosta de pipi.

Marcelo olhou para ele desconfiado do comentário e questionou: - E quem te disse isso?

Marquinhos: - Oras, um menino da escola. E foi o dele que contou pra ele.

[Pausa dramática. Agora é o ponto onde, na minha opinião, uma grande lição de vida aconteceu.]

Má: - E isso é uma grande verdade. Mas você também gosta!

Marquinhos, envergonhado, respondeu rapidamente: - Não, eu não!

Marcelo: - Se não gosta, vou cortar o seu fora.

Marquinhos, assustado: - Não! Isso não!

Marcelo: - Tá vendo, filho? Todo mundo gosta de pipi. As mulheres, os homens gostam de seu próprio pipi, você gosta do seu e o seu amiguinho e o pai dele do deles. Algumas pessoas, gostam de vários pipis.

Depois que Marquinhos reproduziu a história conversada para o pai com o amiguinho da escola, nunca mais o amiguinho achou válido tentar trazer o assunto à tona."

Esse pequeno conto-verdade foi para ilustrar o ponto onde pessoas são PESSOAS. Independente de suas preferências, em qualquer aspecto, elas querem levar a vida. Algumas não querem ter filhos, outras querem, todos teremos problemas de relacionamento ao criar esses filhos (como eu sei por experiência), todas as famílias tem conflitos. Trazer normalidade - como meu amigo chamado de Marcelo nesse conto - aos conflitos, é o que faz com que as pessoas comecem a ver o mundo como é, comecem a aceitar diferenças (que são quase infinitas) e passem a exprimir quem são, sem medo do julgo alheio.

Agora que tenho mais leitores, desejo-lhes um resto de semana muito bom, porque o meu acredito que será cheio de novas oportunidades de trabalho!

Obrigado pela sua leitura.

6 comentários:

  1. Esse pai passou por cima de um assunto "tabu", que para muitas famílias "normais" seria muito embaraçoso... Gostei muito!
    Nossa realidade está longe, mas com fé em Deus chegaremos lá!!
    Abraços, boa noite!!!

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  2. Leandro - "Fé em Deus" é algo que eu não compartilho contigo, porém, acredito muito no potencial de nossa sociedade de ser melhor a cada dia que passa. Obrigado pelo comentário.

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  3. Eu creio que com Fé em Deus chegaremos la !Pois Deus como esse Pai do conto nao nos diferencia das outras pessoas ! Deus pode sim abrir os olhos das pessoas ! Pois o amor tudo suporta tudo cre ! e isso e biblico ! O amor liberta ! se amassemos o proximo como Deus mandou o mundo nao teria tantos Homofobicos ! as pessoas aceitariam mais as outras ! Existem razoes para acreditar ... os bons são a maioria ! Richenzzo Del Bisogno .

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  4. Richenzo - O mesmo estado laico que atualmente possibilitou a união homoafetiva, prevê o exercício da religião e da profissão de fé. Infelizmente, o maior atraso na liberação desse tipo de união, veio por parte dos religiosos, onde se embasa o preconceito e a hostilidade contra os homossexuais. Na condição de ateu, não posso deixar de levantar esse ponto de relação entre uma religião e "amarra" nos direitos civis dos gays, mas respeito o direito dos outros de defender sua fé. Desde que, obviamente, não traga outras situações de atraso à nossa sociedade.

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  5. Pessoas são intolerantes, como o próprio dono deste blog em relação a religião, esta criança continuará sendo metralhada pela intolerencia, pela verdade dos outros.
    Mais uma vez se faz, confunde-se Deus com a religião nestes coméntários.
    O cristianismo é o responsavel pelo maiores crimes contra a humanidade e os direitos hhumanos, Deus não tem nada a ver com isso!

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  6. Vou te dar o aviso mais uma vez: Atacar o dono do blog não abaliza seu argumento. Essa criança crescerá em um ambiente onde é NORMAL esse tipo de relacionamento, como meu filho em um ambiente onde o papai e a mamãe moram em casas separadas.

    E você não consegue escapar dos seus próprios paradoxos, não sei porque insiste em comentar errando tanto. Religião não deve ser confundida com deus, ou é o cristianismo que não deve? Porque, se cristianismo e deus não tem a ver um com o outro, você segue uma linha cristão bem diferente de todas as outras que já vi aí.

    E finalizando, o seu deus permite e apoia o preconceito aos homossexuais:

    “Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação.” Levítico 18:22

    Ou seja, além da própria inconsistência do seu argumento (uma vergonha a cristãos mais letrados), você ainda não poderia nem utilizar da sua própria bíblia como argumento, porque ela considera uma abominação um padrão de comportamento tão antigo quanto a História humana.

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